Lado bom da angustia

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A angústia existencial faz parte da vida.
Pode significar sintoma de sensibilidade e amor.

Como não se angustiar com a condição humana? Doenças terminais, envelhecimento e morte. O que falar sobre o estado de miséria e pobreza que atinge a bilhões? O que dizer sobre as relações de poder? Uns poucos oprimindo a vasta maioria, que depende de empregos precários, sujeitando-se a salários baixos, tarefas enfadonhas e carga horária extenuante. Quanto ao poder político, a triste constatação de que aqueles que o exercem demonstram baixíssimo nível de espírito público. Indiferença e abuso de autoridade podem ser vistos em todas as partes do mundo.

Muitos procuram evitar a angústia. Embotam a mente com drogas, ocupam o tempo com hobbies e dissecam a alma em terapias intermináveis buscando a paz que lhes escapa ao término de cada sessão. O problema do homem, como tão bem salientou Pascal, é não conseguir ficar em casa. A tranquilidade de um quarto o faz ouvir a voz de um coração em desassossego. Busca o repouso. Repousar, contudo, é a última coisa que quer na vida. Evidentemente, viver num estado perene de angústia não é bom. Faz-nos perder o prazer pela vida, expõe-nos à busca de anestésicos mentais e torna-nos cínicos em relação ao que nos cerca.

Quando, contudo, esse tormento nos remete a Cristo, cria um bem-aventurado estado de alma. Sede e fome antecedem o encontro com Deus.

As mais poderosas pregações, os mais belos poemas, as mais encantadoras obras de arte, foram produzidos por gente que experimentou na alma essa mescla de angústia e alegria. Ambos os sentimentos são sinais de vida. O primeiro, denota que não cessamos de pensar e amar. O segundo, que pensamos e amamos do modo mais amplo possível. A vida é mais do que injustiça e morte.

Há um Deus que reina. Soberano. Infinitamente feliz. Ele é tudo o que gostaria de ser e faz tudo o que gostaria de fazer. O evangelho o revela querendo enviar seu único Filho para morrer por homens e mulheres que não sabem amar, salvando-os da sua culpa e egoísmo, a fim de lhes prometer a posse eterna de um reino no qual ninguém temerá deixar de ser feliz.

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