Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus" (Mt5: 9) Quem é o pacificador? É o que manifesta forte compromisso e real prazer em promover a paz na relação do homem consigo mesmo, na relação do homem com o próximo e na relação do homem com Deus. Ele odeia a guerra.
Qual o origem desse amor pela harmonia? Ele é descrito por Cristo como alguém que passou pela comovente e transformadora experiência do arrependimento acompanhado de lágrimas (Mt 5:3,4). Descobriu que não sabia amar. Chorou por isso. Pediu perdão. Recebeu o abraço divino. É impossível receber o abraço perdoador de Deus e não ter a relação com a totalidade da vida transformada para sempre.
O compromisso com a paz prova que ele tem o DNA do seu Criador. Ele é filho de Deus. O Pai se vê nele.
Nosso país está em crise. Nunca vimos tanto rompimento de amizade, tanto ódio, tanta intolerância.
Fala-se em banho de sangue nas ruas. Comenta-se que as Forças Armadas já estão de prontidão.
Lamento dizer, mas a igreja se tornou indistinguível da sociedade não cristã, nesses dias nos quais deveria ser -luz que ajuda aos homens a entenderem a natureza e as causas das guerras que inventam.
Pastores e líderes cristãos destilando raiva, crentes fazendo piada grosseira com aqueles de quem discorda, igrejas inteiras demonstrando surpreendente incapacidade de fazer pontes entre os seres humanos, não respeitando até mesmo suas próprias divergências internas. Irmão deixando de amar irmão. Deplorar esse tipo de comportamento não é pieguice. Trata-se daquilo de que nos arrependeremos nos momentos da mais alta realidade nos nossos cultos; quando Deus vem a nós e nos lembra quem somos e qual a nossa missão no mundo.
Não o convido para suprimir o que pensa. Sou ativista social assumido. Amo a militância nas ruas. Eu mesmo tenho ponto de vista tornado público sobre a crise política. Todos o temos. Somos livres para protestar. Devemos fazê-lo. A Constituição Federal o permite. Só não somos livres para deixar de ser crente.
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz… porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos; como livre que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto e malícia, mas vivendo como servos de Deus. Tratai a todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei”.(I Pd 2: 9, 15-17).