MENSAGEM AOS COLEGAS QUE SOFREM PERSEGUIÇÃO NO BRASIL
"Porque vocês receberam a graça de sofrer por Cristo, e não somente de crer nele…” (Fp 1:29).
Há graça na perseguição sofrida. Nisso consiste a arte da verdadeira espiritualidade: divisar a graça de Deus nos problemas da vida. Observemos que o apóstolo Paulo não estimula o vitimismo. A última coisa que ele queria era uma igreja com pena de si mesma, duvidando dos desígnios de Deus, filosofando sobre o problema do sofrimento, acuada pelo medo do adversário. Cabia àqueles cristãos do primeiro século tirar os olhos de si mesmos e voltá-los para um mundo carente de Cristo.
Ele chama a todos a entenderem que ser perseguido por causa do evangelho é alto privilégio, a ser vivido por homens e mulheres que foram objeto da graça de Deus. As dores não eram pequenas. Envolvia perder espaço na sociedade, provar de menosprezo, parar numa prisão e ser executado.
Em que consiste a graça de sofrer por Cristo?
Primeiro, suportar afrontas e ameaças por amor ao evangelho é sinal evidente de novo nascimento. Como afirma J.B. Lightfoot: “Deus lhes concedeu o alto privilégio de sofrerem por Cristo; esse é o mais certo sinal de que ele olha para vocês com favor”.
Em segundo lugar, a preservação de um bom testemunho, apesar da perseguição diabólica sofrida por causa do evangelho, costuma ser usada por Deus para que o mundo ouça a igreja e se converta.
Em terceiro lugar, as mais doces e comoventes manifestações do amor de Deus na vida dos seus estimados servos costumam ocorrer nas horas em que a igreja vai para a cruz com Cristo a fim de, seguindo o seu exemplo, morrer para que outros vivam.
Por fim, a dor sofrida por força da fidelidade ao evangelho fará parte da biografia eterna dos redimidos. Isso faz parte do seu galardão.
Calvino faz a seguinte declaração sobre esse verso: "A fé, tanto quanto a constância em suportar perseguições, é um dom imerecido de Deus". A graça que separa, regenera, abre o entendimento, faz a fé nascer, converte, santifica, é mesma graça que guia providencialmente o curso da história dos discípulos de Cristo a fim de que esses tenham a honra de sofrer por amor à causa do evangelho.
Ao meditarmos atentamente para uma declaração estupenda como essa, somos chacoalhados pelo testemunho do apóstolo Paulo, que age como um verdadeiro comandante, capaz de virar-se para sua tropa e bradar, avancem, avancem, avancem! Ele sabia que fiel é aquele que nos chama.
Antonio C. Costa